3 de julho de 2009

Comunicação Visual - Elementos Visuais

Por volta de 1870, pesquisadores alemães iniciaram estudos sobre os fenômenos perceptuais humanos, em especial sobre a visão. Estes estudos objetivavam compreender como ocorriam os fenômenos perceptuais. Para tanto, utilizavam obras de arte em muitos destes estudos, a fim de entender o que se processava para que determinado recurso utilizado resultasse em determinado efeito. Estes estudos foram denominados Psicologia da Gestalt, também conhecida por Psicologia da Boa Forma, uma vez que o termo Gestalt não comporta uma tradução do idioma alemão para o português.
De acordo com a Teoria Gestaltista, existem leis que conduzem a percepção humana das formas, o que pode ser compreendido como conclusões acerca do comportamento natural do cérebro ao longo do processo de percepção.
A todo instante, recebemos informações constituídas por estímulos físicos e, para compreendê-los, desenvolvemos organizações perceptuais. Há várias formas de organizar esses estímulos. Essa ação ocorre de modo espontâneo, próprio de cada indivíduo.
O consciente, por sua vez, pode exercer um papel importante nesse processo, pois a organização perceptual ocorre dentro e fora da consciência: pode ocorrer de modo voluntário ou involuntário, ou seja, se o indivíduo desejar, poderá criá-la de modo consciente, mas se não o fizer, o inconsciente agirá por si.
Uma importante observação acerca do processo de organização perceptual é a diferenciação do campo perceptual. Muitas vezes, porém, compreendemos o elemento de uma forma distinta da sua realidade, caso, no elemento percebido não haja simetria, equilíbrio, estabilidade e simplicidade. Sendo assim, não conseguiremos decodificá-lo apropriadamente.
O modo com que a forma é apresentada pode, por exemplo, ocasionar fenômenos, como os que serão exemplificados a seguir:

Nesta peça, observamos uma imagem de algo que tende a ser definido como figura (neste caso, o trompete). Muito embora não haja um contorno contínuo, uma linha física que delimite este instrumento por completo, podemos imaginar sua forma. A esse fenômeno denominamos “fechamento” e trata-se de um princípio da teoria Gestaltista bastante comum, uma vez que determinadas formas apresentam-se de uma maneira que nos pareça completa, não comportando nenhum tipo de modificação, como se elas apenas fossem suficientes para compreensão, ou seja, completas em si. Além disso, observa-se presente a “continuidade”, que torna as formas seqüenciadas percebidas como um único elemento o que, ainda neste caso, refere-se ainda ao trompete.

Observam-se nesta composição, orientações visuais como a “fragmentação” do objeto trompete, ou seja, sua separação em peças à parte, as quais se relacionam, mantendo seu caráter individual. Existe também a aplicação da “opacidade”, no momento em que um dos elementos, neste caso parte do trompete, é ocultado pela caixa.
Na maioria dos casos, é possível observar mais de um elemento visual em uma peça. Sendo assim, outro fenômeno ainda presente nesta mesma peça é o conhecido como “figura e fundo”. Estes dois conceitos constituem a mais simples das formas de organização perceptual: em qualquer campo diferenciado, uma das partes sempre parece se evidenciar em relação às demais. Ao conjunto formado pelo trompete, pelas mãos e pela caixa damos o nome de “figura”, sendo identificado como “fundo” todo o restante.

O que nos permite diferenciá-los, proporcionando uma delimitação entre ambos é o contorno, uma limitação física que mais parece pertencente à figura, conferindo-lhe determinada forma. Podemos também observar o fenômeno “figura e fundo” na peça abaixo:



Uma das leis básicas da percepção visual estudada pela Gestalt e também visualizado na peça acima, consiste nas composições suficientemente claras e nítidas, o que chamamos “pregnância visual”. Podemos assim, dizer que as formas pregnantes (o botijão e a calça jeans) se destacam, chamando mais a atenção para si. Pregnância, traduz-se em equilíbrio, clareza, definição, unificação visual, rapidez de leitura e interpretação. Além desta, podemos verificar a existência de outro princípio, o qual tende a agrupar formas que estão próximas. Trata-se da “proximidade”
Ainda visualizamos, na peça acima a presença da “singularidade” que consiste em focalizar, numa composição, um tema isolado e independente, que não necessita do apoio de qualquer outro estímulo visual. A “singularidade” presente garante a focalização em único tema, botijão e calça, sem que sejam necessários outros estímulos visuais nesta peça.
Além disso, há a “ênfase”, destacando os elementos botijão e calça, em um plano de predominância uniforme.
Existe um dos princípios da Gestalt que consiste no agrupamento de imagens visualmente semelhantes pelo seu tamanho, cor, textura ou configuração. A este chamamos “similaridade” e verifica-se através dos coelhos de chocolate.

Além deste, verifica-se também o princípio da “continuidade”, onde os elementos seqüenciados terminam por serem agrupados. Ainda percebe-se a existência da “orientação”, que agrupa os elementos que indicam mesma direção ou realizam o mesmo movimento. Esses princípios podem ser verificados nos coelhos de chocolate apresentados na peça seguinte:

Ainda nesta peça, observamos a presença de elementos visuais, tais como a “complexidade”, devido à existencia de numerosas formas (neste caso, os diversos coelhos de chocolate) que dificultam a rápida leitura e exigem maior atenção. Além deste elemento visual, pode-se citar também o “acaso”, apresentando a informação visual de modo intencionalmente desordenado. Percebe-se ainda a “repetição” das formas, ainda tratando-se dos coelhos de chocolate.

Na peça abaixo, observamos os princípios de “fechamento” no que se refere à paisagem ao fundo, onde tendemos a completar a imagem. Além disso, há a “similaridade”, no que diz respeito às cores referentes ao chop, bigode do homem, cabelo da mulher e garrafa, criando uma relação entre estes elementos.
Existe também uma orientação visual que consiste em estabelecer relações de tamanho entre os elementos visuais ou dos elementos visuais com o campo ou ambiente nos quais se encontram inseridos. É chamada de “ênfase”. Nesta orientação, um dos fatores fundamentais para a determinação dessas relações de proporção são as medidas do ser humano, onde todos os objetos que são usados pelas pessoas são feitos com base nas proporções humanas.

Além de realçar o elemento chopp, pelo destaque dado à sua cor, tanto na taça, como na garrafa. Além disso, existe o “exagero”, que torna as medidas da taça de chopp muito maiores que o real, no intuito de intensificá-la.
Ainda podemos exemplificar como conceito básico da comunicação visual presente nesta mesma peça, a “profundidade”. Esta consiste em reproduzir a informação do ambiente, através da utilização dos efeitos de luz e sombra, característicos do claro-escuro, criando assim, uma idéia de dimensão.

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