24 de maio de 2010

Como pensar a função de RP digital.

< Por em 8 de dezembro de 2009 >

O poder sobre a comunicação não está mais nas mãos das empresas, nem das grandes mídias. Informação dinâmica e construção do conteúdo pelos usuários não são mais tendências, mas sim realidade que se consolida a cada dia com mais força.

Com o crescente uso das ferramentas de comunicação digital, as empresas precisam pensar (e pensar bem…) e criar abordagens de ações de marketing e relacionamento nessas mídias.

É aí que entra o conceito e profissional de RP Digital. De uma forma geral, o relações públicas pode ser entendido como “stakeholder connections”, ou seja, é um profissional cuja principal função é ajudar empresas a construir relacionamentos sólidos com todos os seus públicos: investidores, imprensa, ONGs, funcionários, blogueiros, consumidores, parceiros e fornecedores, entre outros.

RP é na maioria das vezes visto apenas como assessores de imprensa. Essa falta de conhecimento traduz-se em uma miopia de marketing que limita a presença de um bom RP na Internet. A Web é, ainda, para algumas empresas uma arena de ações promocionais, virais e blogs — só. Por outro lado, também existe muita falta de conhecimento dos profissionais de RP sobre Web, como e onde atuar online.

E neste contexto confuso e com pouco conhecimento, muitas pessoas de outras áreas, começam a vender uma coisa que nem elas sabem direito e o principal, nem o cliente. Não quero com isso, dizer que apenas os profissionais formados em relações públicas podem desempenhar este papel. O que defendo é que antes de sair vendendo uma “moda”, é necessário dedicar algum tempo para entender os cenários, as dinâmicas, etc., neste ambiente que ainda está sendo explorado, já que infelizmente não há uma fórmula pronta e que possa ser reproduzida a todos os momentos.

Este profissional que desempenhará o papel de RP digital fará justamente uma comunicação de nicho. E para isso, os clientes precisam saber a resposta a algumas perguntas: É fácil? Não. Os resultados são mais lentos? Muito. Dá para colocar qualquer um pra fazer? Jamais. Transparência é importante? É essencial. As regras mudam quando falamos em relacionamento e não campanha? Completamente. Existe um único caminho a seguir? Não.

David Meerman Scott no livro The New Rules of Marketing and PR, destaca um caso interessante para pensarmos é a “morte” lenta de uma das principais ferramentas do RP tradicional: o press-release. Para ele, praticamente 100% dos releases que ele recebe não geraram nenhuma pauta. Para Meerman seu arquivo de releases é o Google, moderadores de comunidades em redes sociais e blogueiros hard users, os primeiros a falar sobre as novidades, atualizações e mudanças de seus respectivos meios de atuação. Essa é a chave.

É necessário identificar quem são os influentes na sua aldeia/grupo de atuação. O editor da EXAME já não se torna tão relevante se comparado com um blogueiro que, por mês, atinge 3 vezes mais o número de leitores do que a revista. E são leitores qualificados no seu assunto. Se você vende cachaça, por exemplo, é capaz de existir um blog que trate sobre drinks ideais para festas entre amigos, churrascos, etc. Lá é o lugar que a sua marca precisa estar, como uma bebida que será a matéria-prima principal para várias combinações de drinks, e não, apenas, em um banner pago.

O conteúdo é feito por pessoas para pessoas. Entretanto, sempre haverá a pequena classe de influentes. E esses agora são aqueles com muitos seguidores no Twitter, moderadores de fóruns, blogueiros engajados etc. Pois eles são seus consumidores ativos, são eles que irão recomendar seu serviço. Claro que os canais clássicos ainda têm um grande peso, mas não se trata apenas de presença. Ganha quem tem influência, conteúdo a oferecer para o consumidor e, logicamente um produto de qualidade. É uma questão de opinião, crítica e recomendação de usuário para usuário. O que pode ser chamado de boca-a-boca digital. E nem todas as bocas são iguais, cada uma deve ser trabalhada com estratégia específica. (A estratégia do presidente americano Obama, demonstra bem isso!)

De toda essa transformação que estamos passando, fica uma coisa boa: no mundo digital não há mais espaço para marketing amador ou histórias mirabolantes. A empresa será rapidamente desmascarada caso queira parecer ser o que não é. Ouvir o que estão falando sobre sua empresa, perguntar o que quer saber e mostrar que sua empresa se importa com a opinião do seu consumidor antes que a concorrência chegue e conquiste-o primeiro. Gerar confiança, prover experiência e garantir credibilidade mesmo quando a empresa errar vai fazer com que seus esforços sejam recompensados.


Conteúdo extraído de: O Melhor do Marketing

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